quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Evil Machines (Terry Jones)

Este livro é especial para mim porque, além de ser autografado pelo Terry Jones (autor do livro e membro do Monty Python), foi publicado atrvés de um site colaborativo.

Ou seja, eu paguei para que o livro existisse e por isso meu nome está impresso no mesmo sob forma de agradecimento.






Tirando isso, Evil Machines é um livro bem legal, com uma premissa interessante de máquinas que são más contra seus donos. Mas o mais legal é que o que parecia ser um livro de histórias curtas se transforma em uma história maior que, é verdade, às vezes fica forçada e um pouco chata, mas no geral é bem bacana.

Gostei do investimento e gostei da obra, mas só não vou colocar na Biblioteca Solidária mesmo por causa do autógrafo. Cheio de orgulho.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O Galo Músico (Fernando Sabino)

Eu sou fã assumido de Fernando Sabino, daqueles que tem livro autografado e foto com o autor, além das obras completas guardadsas em lugar seguro.

O Galo Músico é uma coletânea de alguns textos "obscuros" de Sabino, incluindo um escrito aos 14 anos (que eu já conhecia). É um livro muito bacana para quem já curte o autor e quer ver mais da obra, mas certamente não é a melhor maneira para se iniciar.

De qualquer forma, leitura rápida e leve de textos sempre bem escritos e inteligentes. Nunca é perde de tempo ler Fernando Sabino.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Pequeñas Intenciones (Jorge Consiglio)

Estive em Buenos Aires no mês de outubro e fui à gigantesca livraria El Ateneo. Pedi a três vendedores que me indicassem autores contemporâneos argentinos e todos mencionaram, entre outras indicações, Jorge Consiglio e Pablo Ramos. Comprei um livro de cada e ontem terminei de ler o primeiro.

Como eu gostei desse livro! Jorge Consiglio apresenta um personagem que é o retrato da imobilidade diante de uma vida que se apresenta pequena, limitada e que toma rumos de uma desgraça cotidiana. É daqueles livros que fazem a gente perceber como é fácil se deixar levar pelo tempo sem tomar as rédeas de nada.

Na verdade, o personagem principal tem uma única convicção, uma única decisão irreversível, mas que não o leva a mover-se ou a seguir algum rumo. A mudanca decorrida da sua postura simplesmente faz com que ele adote outra imobilidade em outra situação.

Pequeñas Intenciones é daquelas obras que praticamnte nos obriga a ler na fila do supermercado, no sinal vermelho, durante as refeições e ouvindo o jogo. Não que tenha ritmo alucinante, mas é dolorosa e calmamente envolvente.

Para mim, uma das mais gratas surpresas de 2011.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Slam (Nick Hornby)

Slam é um livro sobre adolescentes, escrito com uma linguagem adolescente e que nos lembra como todos fomos idiotas quando adolescentes (na verdade, eu tenho mais a dizer sobre a idiotice no http://pastelzinho.blogspot.com).

Como eu já disse antes, gosto de obras assim e, se não achei excelente, posso dizer que é um livro bem legal para se ler em dias de chuva. Muito provavelmente eu acharia o máximo se tivesse lido com 17 anos.

Os diálogos com o pôster de Tony Hawk são muitas vezes sensacionais, mas os amigos Rabbit e Rubbish ficam meio perdidos durante a história.

De qualquer forma, quando a caminhada do skatista e "sem-noção" Sam vai chegando ao final (que não é um final) e o inevitável - que é a vida seguir apesar de tudo - vai acontecendo, o livro tem momentos emocionantes e divertidos.

Se você tem entre 15 e 18 anos leia hoje. Se você tem bem mais, lembre de quando tinha essa idade e leia também. Vai ser bem legal.

sábado, 10 de dezembro de 2011

O que aconteceria se... (Alunos do Libertas)

Meus parabéns à minha sobrinha Olívia e aos seus colegas de Libertas que fizeram um livro divertido, jovem e gostoso de ler.

Matei em poucas horas e fiquei querendo mais.

Cândido (Voltaire)

Nunca havia lido Voltaire e achei Cândido um livro sarcástico, filosófico e divertido. Claro que o estilo clássico e algumas referências de época atrapalham a fluidez da leitura, mas a obra curta é gostosa e leve como pedem esses dias de chuva.

Cândido, além de ser inocente como o nome indica, é daqueles que vê os golpes de sorte se transformarem em grandes azares e vice-versa. Seus companheiros de viagem e aventuras padecem de males iguais ou ainda piores, mas a coisa toda é conduzida com bom humor e alguma acidez.

Sinceramente, é totalmente diferente do que eu esperava e uma surpresa bastante agradável.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A Libélula Dos Seus Oito Anos (Martin Page)

Eu gosto muito de Martin Page. Talvez Uma História de Amor e Como Me Tornei Estúpido são excelentes e o autor tem mesmo um estilo marcante.

A libélula dos seus oito anos também é um bom livro, mas mnão me encantou como os outros. Achei mais original nos personagens do que na história em si e me pareceu algo que já acopnteceu com qualquer um que escreve: uma ideia boa encaixada em uma fórmula.

Todo escritor tem lá suas fórmulas e às vezes é mais fácil encaixar uma boa ideia nelas do que trabalhar até que ela própria dê o ritmo que precisa ter. Esse livro é assim pra mim.

A boa ideia está lá, os personagens estão lá, mas a obra quase se perde em tantos estilismos. É uma boa leitura, mas não é nem de perto o melhor que Martin Page tem a oferecer.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O Clube do Filme (David Gilmour)

Antes de mais nada, o David Gilmour que escreveu este livro não é o guitarrista do Pink Floyd, mas um crítico de cinema canadense com paixão por filmes, amor pelo filho e culhões do tamanho de melões.

David Gilmour, percebendo que o filho não se interessava pela escola e corria o risco de se meter em confusão, faz uma proposta mais do que ousada: você pode largar a escola se assistir a pelo menos três filmes por semana comigo e não usar drogas.

A partir daí seguem-se momentos difíceis na vida do filho e sua relação com as mulheres, o relacionamento entre os dois se transforma e nos lembramos de filmes e mais filmes maravilhosos.

Para quem gosta de cinema, para quem é pai e para quem admira pessoas que se arriscam e decidem pelo caminho menos convencional, é um belo livro.

Eu provavelmente não faria as escolhas de David e nem teria sua paciência e compreensão, mas uma coisa que temos em comum é que adorei quase todos os filmes que ele mencionou (os que assisti, é claro) e fiquei com muita vontade de rever muitos deles e de conhecer alguns novos.

Estou feliz de ter lido. Obrigado, Werner, meu irmão, que o deu de presente para mim.

domingo, 20 de novembro de 2011

Um Dia (David Nicholls)

O que faz de um livro um "grande livro"? O fato de ser um clássico? O tempo em que ele fica na sua memória? Os personagens com os quais você se identifica? As frases que te marcam? O fato de não querer parar de ler? A originalidade, a ousadia, a atemporalidade?

Um Dia, de David Nicholls, é um excelente livro em alguns dos quesitos acima e, não estranhamente, um best-seller.

É impossível parar de ler, os personagens são muito próximos e se não é original, ousado ou atemporal, fala de coisas que todos já sentimos em um ou outro grau.

São 410 páginas que não deixam a peteca cair e fazem a gente querer mais a cada parágrafo. Não sei se ainda lembrarei dele daqui a dois anos, mas um livro não precisa ser eterno na memória da gente. Ele pode ser um momento bom, uma passagem agradável, algo que valeu a pena mesmo que não mude sua vida.

Um Dia é bem isso, uma experiência talvez corriqueira, mas definitivamente recomendável.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A Fera na Selva (Henry James)

Parece que eu e Henry James definitivamente não fomos feitos um para o outro. Tudo isso porque acabo de ler A Fera na Selva e posso dizer que achei chatíssimo. Foram 80 páginas que se arrastaram pra mim.

Obviamente a culpa deve ser da minha própria ignorância, já que não consegui compreender qual o apelo de um cara que passa a vida com a certeza de que algo vai inevitavelmente lhe acontecer, divide esse segredo com uma mulher e a partir daí, após uma espera excruciante, acontece o óbvio no final.

Talvez você goste, afinal, é Henry James... eu detestei.

domingo, 13 de novembro de 2011

The Beatles - A História Por Trás De todas As Canções (Steve Turner)

Sejamos simples e diretos: você é beatlemaníaco daquele tipo que já leu absolutamente tudo sobre os Fab Four? Provavelmente esse livro vai acrescentar muito pouco a você.

Você não liga pros Beatles? Esse livro não tem o menor interesse para você.

Você curte Beatles, mas não é obcecado e adora uma curiosidade? Esse livro vai ser uma belíssima diversão.

Eu gostei bastante, mas pertenço ao terceiro perfil e por isso admito que não é uma obra interessante para qualquer um e nem indico de olhos fechados a quem eu não conheça muito bem.

Agora, se você se encaixa na minha descrição de leitor típico dessa obra, compre sem medo. Vai valer a pena.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A Trilogia de Nova York (Paul Auster)

Este é o primeiro livro de Paul Auster que leio, embora já tivesse ficado muito impressionado com o autor, entre outras coisas, por seus brilhantes roteiros dos belíssimos filmes Cortina de Fumaça e Sem Fôlego.

A Trilogia de Nova York é composta por três histórias diferentes, mas que são essencialmente a mesma. Históprias policiais escritas por um filósofo, pode-se dizer.

Sempre buscas sem motivos e que levam a descobertas muito maiores sobre quem procura do que sobre quem é procurado. A fantasia e o real se misturam nas tramas e o resultado são textos que prenunciam um certo rumo, mas pegam desvios inusitados quase sempre para lugar algum.

É um livro muitíssimo interessante, com estilos diferentes em cada história, e que requer atenção para ser lido, o que eu considero uma coisa ótima.

Não é uma obra-prima, mas é uma ótima leitura.

domingo, 30 de outubro de 2011

Koko Be Good (Jen Wang)

Eu gosto de histórias juvenis. Gosto de obras que tratam de nossas inseguranças, nossas decisões apressadas, nossas escolhas pelos motivos errados, nossas paixões absurdas, enfim, tudo aquilo que fazemos questão de enterrar à medida em que crescemos.

Koko Be Good é um livro em quadrinhos de temática juvenil. É bem ilustrado pra caramba, tem ritmo e eu curti. Claro que o encontro entre os opostos Jon (certinho e cheio de boas intenções) e Koko (uma louquinha sem objetivos na vida) parece manjado, mas o que se segue é mais um encontro com a realidade do que um conto de fadas.

É claro que o livro se limita a um público muito específico, mas se você curte o gênero, vale ler com cuidado.

Bem leve e gostoso.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Meninada, o que a gente vai fazer hoje? (Carlos Alberto Cândido)

Eu sei, um livro que fala sobre o Clic só interessaria a quem tem filhos no Clic, certo? Bem, mais ou menos. Eu acho que "Meninada, o que a gente vai fazer hoje?" é um livro importante para qualquer um que tenha filhos, pense em ter filhos ou se interesse sobre educação infantil.

Claro que eu sou suspeito para falar já que minha Sophia terá passado, em dezembro, 5 dos seus 6 anos de vida no Clic. Mas é realmente uma leitura leve sobre um projeto impressionante.

E para quem é pai, do Clic ou não, uma experiência também emocionante, já que fala dos limites, desejos e vivências das crianças e quanta diferença podemos fazer nas vidas delas.

Enquanto Agonizo (William Faulkner)

William Faulkner escreve a história em torno da morte de uma mulher do interior dos Estados Unidos e, ao mesmo tempo, fala de muito mais.

Cada pequeno drama, cada traço pessoal, cada sonho, cada dúvida das pessoas envolvidas (ou que simplesmente cruzam o caminho) na caravana que vai enterrar Addie Bundren estão expostos de forma poética, dura e simples.

A obra ousa em sua narrativa como só os cuidadosos podem ousar, sem a estupidez do risco desnecessário e com a certeza de estar cruzando algumas linhas bem escolhidas.

Um belo livro que só me faz ter mais certeza de que é preciso dizer sempre "William Faulkner é um fodão".

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Monstros Invisíveis (Chuck Palahniuk)

O livro de Chuck Palahniuk é um tiro de fuzil calibre 30 no seu queixo (leia para entender).

O livro de Chuck Palahniuk é um spray de cabelo pegando fogo e explodindo na sua cara (leia para entender).

O livro de Chuck Palahniuk é uma mistura de sexo, de aparências, de segredos bem ou mal escondidos e de mais sexo.

Quando eu comecei a ler Monstros Invisíveis não sabia que o autor era o mesmo de Clube da Luta. Na verdade eu não li Clube da Luta, mas assisti o filme e imagino que a obra literária seja ainda mais perturbadora.

Monstros Invisíveis pode até virar filme, mas talvez seja muito maluco e porrada-na-cara pra isso.

Não é definitivamente um livro clássico ou gostosinho, é uma obra que incomoda, exagerada, absurda, torta e feita de personagens tão esquisitos como todos nós somos bem no íntimo.

Um puta livro. Gostei muito.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O Estranho Mundo de Tim Burton (Paul A. Woods)

O Estranho Mundo de Tim Burton é uma armadilha para os fãs do diretor. Você compra esperando uma biografia, uma visão profunda sobre o cara e encontra um amontoado de críticas e matérias sobre seus filmes.

Mas o pior fica para o final, quando o tradutor Cassius Medauar se imbui da tarefa de falar sobre os filmes que não constavam do texto original apenas para que o livro não seja lançado já defasado.

Os dois únicos motivos para se ler O Estranho Mundo de Tim Burton são: 1) ser apaixonado daqueles que guarda fio de cabelo e cueca usado do diretor ou 2) ser um completo ignorante sobre a obra do moço e querer ler alguma coisinha superficial em vez de assistir os filmes.

Frustrante, no mínimo.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Burr (Gore Vidal)

Nazca não estava no roteiro original da minha viagem pela América do Sul (Bolívia, Chile e Peru) em 1997. Não que eu não tivesse interesse pela cidade, mas é que ela ficava simplesmente muito fora de mão.

Meio que por acaso meu trajeto foi mudando e acabei chegando a Nazca. O plano era chegar, sobrevoar as linhas e ir embora no mesmo dia, sem sequer dormir.

Por causa dos ventos tive que ficar e, mesmo ficando muito puto na hora, foi uma das melhores coisas que me aconteceram.

As linhas são fantásticas, comi em um lugar muito legal, tomei decisões importantes para a minha vida na época e, em um bar, conheci três peruanos sendo que um deles, Fernando Zambrano, me presenteou com uma edição do livro Burr, de Gore Vidal, com a promessa de que me ajudaria a entender "porque os Estados Unidos são assim".

Essa historinha toda foi só pra contar que Burr foi o livro que mais demorei a ler. Ganhei o livro há praticamente 15 anos e tentei começá-lo três vezes, mas só concluí a leitura hoje de manhã.

É um livro difícil de engrenar como foi para mim "O Amor nos Tempos do Cólera", de García Márquez, e ainda com o agravante de estar escrito em espanhol. Apesar disso tudo, o livro ganha força depois da página 200 (são 482) e aí fica difícil parar de ler.

A novela histórica que conta a construção da nação estadunidense do ponto-de-vista de seu terceiro vice-presidente Aaron Burr. Bem, na verdade o ponto-de-vista é do biógrafo de Burr, Charles Schuyler, um dos poucos personagens de ficção da obra.

De qualquer forma, é impossível não se afeiçoar a Burr e história pessoal do homem acaba ficando acima do conteúdo histórico. Um livro que cresce à medida em que se lê e que eu deveria ter lido antes.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A Família Ouro-Pretana (Vários Autores)

Duas cidades marcam as minhas primeiras lembranças: Ipatinga e Ouro Preto (na minha história, Belo Horizonte só foi virar personagem muito depois).

Em Ipatinga eu nasci e cresci, mas com Ouro Preto a coisa também tem história.Passei muitas férias e feriados naquele frio, meu primeiro aniversário foi lá e a até mesmo o romance do meu pai e da minha mãe começou ali.

Sobre Ipatinga eu escrevi alguns textos no meu blog Pastelzinho e no meu livro Incultos, mas sobre Ouro Preto essa foi uma oportunidade de ouro para contar algo.

Oportunidade de ouro porque minha visão da cidade passa pela família, mais especificamente por minha bisavó Maria Neves, e esse é um livro sobre a família ouro-pretana.

Bom, saindo da minha pessoa e voltando ao livro, essa é uma coletânea que fala diretamente ao coração de quem tem a história ligada a Ouro Preto. Os textos variam do relato histórico simples a narrativas emocionantes, sempre com estilos muito diferentes.

Como quase toda coletânea, é impossível gostar de tudo, mas é fácil encontrar textos bacanas até para quem não é ligado ao lugar.

Se eu não fosse um dos autores e o livro não fosse comemorativo e estivesse nas bancas eu recomendaria, mas como a obra não será vendida, faço melhor: o primeiro que comentar aqui ganha um exemplar, pode ser?

Então tá combinado. 1, 2, 3 e... valendo!

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Retrato de Um Viciado Quando Jovem (Bill Clegg)

Eu gostei muito do filme Trainspotting. É uma visão moderna e "cool" sobre a vida de um usuário de drogas, mas que não se esquiva de deixar óbvia a seriedade da questão. É das melhores coisas que já vi sobre o tema.

Réquiem para um Sonho é um bom filme, mas me parece ser a versão americana de Trainspotting sem no entanto ser melhor que o original em nada.

Pois comecei a falar sobre isso porque o Retrato de Um Viciado Quando Jovem, de Bill Clegg, é um bom livro sobre o drama de um viciado em crack. É bem escrito, tem um ritmo ótimo e sabe alternar passado e presente. Mas, para mim, é mais um livro sobre a luta de um viciado em drogas.

O assunto já me cansou um pouco e a obra, que é a história real do autor, se fecha muito no uso da droga, nos problemas da infância e em todos os riscos que ele envolve. Parece um boa versão de algo que eu já li outras vezes, mas nada especial.

Se você tem interesse no tema, provavelmente vai gostar mais do que eu.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Contos de Amor, Loucura e Morte (Horacio Quiroga)

Agora, enquanto vou linha a linha vencendo e gostando de Burr (Gore Vidal), me lembrei de Quiroga e de seu estilo sem pudores. Este livro foi um presente da Fernanda, mas quem indicou foi um garçom uruguaio que trabalhou na Bonomi já faz um bom tempo.

O título reflete muito bem o livro: são textos tensos, com momentos pesados e, ainda assim, completamente magnéticos.

Não dá pra deixar de ler e se impressionar com cada um dos contos em que a morte é uma presença constante.

Um belo livro para quem estômago e gosta de boas e bem contadas histórias.

domingo, 17 de julho de 2011

Na praia (Ian McEwan)

Engraçado como algumas obras conseguem agradavelmente pequenas em seus detalhes e suas histórias. Na praia é assim, um livro sobre amor jovem que acontece em torno da noite de núpcias do casal virgem e comum do começo da década de 60.

Tudo é construído sobre pequenos fatos, detalhes das personalidades, famílias e silêncios fundamentais. Ainda assim, o livro tem pontuações eróticas e consegue indicar que haverá um clímax, mesmo sem ser agressivo nessa indicação.

É livro bem escrito, que prende a gente e que sabe detalhar para construir o clima e sem se perder na alegoria.

Minha única ressalva fica para o final (SPOILER ALERT) que se depara muito mais sobre Edward vivendo a pós-tragédia do que sobre Florence. Durante todo o livro Ian McEwan equilibra muito bem as duas visões e no final escolhe apenas o lado masculino para dissecar;

Faltou isso, mas é um livro pequeno e belo. Recomendo.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

A Ilha do Dia Anterior (Umberto Eco)

A Ilha do Dia anterior seria um belo livro de 160 páginas. Infelizmente, tem 430.

A ideia é boa, os personbagens são bacanas, mas quando você acha que a história vai engrenar, Umberto Eco se envolve em um torvelinho de descrições e detalhamentos sem limite e sem propósito.

Assim, a parte boa do livro fica escondida no meio de tanta coisinha. É como uma moldura tão extravagante, mas tão extravagante que não deixa as pessoas prestarem atenção na beleza do quadro.

Para mim, uma leitura custosa, difícil, chata com pinceladas de um belo texto e de uma história interessante.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Pergunte ao Pó (John Fante)

Pergunte ao Pó foi um dos livros que mais me foram recomendados até hoje. Me lembro bem que, na época em que o li, achei um livro econômico como eu gosto, mas sem ser raso.

A história é muito bacana e o estilo de John Fante me agrada muito, mas o livro me incomodou por um pequeno detalhe: ficou datado.

Essa rebeldia do outsider por opção que ganha bem por ser escritor é deja vu demais em alguns momentos. Claro que pode ser apenas uma coisa minha, uma opinião de quem se cansou dos "malditos", mas tudo bem.

A verdade é que, assim como Germinal que eu também considero datado, Pergunte ao Pó é uma obra que merece ser lida com respeito e com atenção ao cenário e principalmente aos personagens.

Tem muita coisa boa ali pra você deixar passar por simples preconceito.

terça-feira, 31 de maio de 2011

O Senhor das Moscas (William Golding)

Enquanto me arrasto por A Ilha do Dia Anterior, de Umberto Eco (mais por culpa minha do que do livro), resolvi não deixar isso aqui completamente às moscas e falar sobre algo que li já faz algum tempo: O Senhor das Moscas, de William Golding.

Poucas obras deixam tão claro o risco de acreditarmos no bom senso e na bondade intrínsecas ao ser humano, até porque em algumas pessoas ela simplesmente não existe.

A história do grupo de crianças que naufraga e se vê na improvável condição de criar suas regras e limites sem a presença de um adulto é aterrorizante na medida em que trata do ser humano como um animal domesticado que ainda tem dentro de si o irracional e o imperdoável.

Uma obra fácil de ler que constrói personagens de forma precisa e que nos presenteia com uma tensão que praticamente se pode tocar. Imperdível.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Peanuts Completo - volume 4 (Charles Schulz)

Ok, Peanuts são quadrinhos e não livros, mas quem disse que há diferença? Estou no quarto volume da série do Peanuts completo, não cheguei sequer aos anos 60 e já conheci personagens que sumiram com o tempo, percebi a evolução do traço e entendi um pouco mais da personalidade dos americanos.

É daqueles livros que se guarda para os filhos e que não envelhece jamais.

Fico aqui esperando os outros volumes certo de que ainda tem muita coisa boa pela frente. E enquanto isso, vou lendo livros "de adulto" e me perguntando quais deixar para a Sophia, quais passar para frente e quais reler.

E é muito bom que seja assim.

domingo, 8 de maio de 2011

O Filho Eterno (Cristovão Tezza)

Uma das maiores angústias de qualquer pai (bom, não sei de qualquer pai, mas no meu caso foi) é a batelada de exames para se medir a saúde da criança ainda por nascer.

Obviamente é bastante melhor do que aquela situação de se esperar o inesperado como acontecia na época em que eu nasci e em que a primeira providência era conferir o sexo e contar dedinhos. Ainda assim, sobre cada exame paira o medo do problema fatal, da notícia ruim, de uma nova dificuldade que se apresente.

No caso da minha Sophia, graças a Deus, foi tudo absolutamente normal. Mas estas experiências marcam e mesmo agora, quando lá se vão quase 6 anos do nascimento, ler O Filho Eterno é como levar um soco no estômago.

O relacionamento do pai com o filho portador de Síndrome de Down é revoltante, comovente e completamente fora de clichês.

É leitura dolorida porque tem verdade, porque é crua, mas também porque é bem escrita e torna difícil não continuar lendo.

Bela obra que já me havia sido indicada por algumas pessoas e que recomendo a quem quiser uma experiência até certo ponto incômoda, mas extremamente proveitosa de leitura.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

O Conto da Ilha Desconhecida (José Saramago)

Meu amigo Digão Corrêa me emprestou o livrinho O Conto da Ilha Desconhecida, de José Saramago.

Digo livrinho porque é realmente bastante pequeno, mas que historinha bacana, viu? Leitura leve de um Saramago que sabe ser conciso e preciso quando quer.

Ah, e depois dessa dica rápida, lembre-se de que ainda temos livros na Biblioteca Solidária. Para participar, acesse http://pastelzinho.blogspot.com.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Travessia de Verão (Truman Capote)

Tudo indica que Travessia de Verão seja a primeira obra de Capote e é fato que ele não queria que ela fosse publicada. DEveria ter lá seus motivos embora eu não os compreenda.

Exatamente como no caso do Tolstói, não tinha ainda lido nada de Capote. Embora conheça algumas de suas obras através de filmes, este foi meu primeiro contato com a prosa do autor. Acabei de ler o livro assim que acordei hoje e vou dizer que fiquei muito bem impressionado.

Travessia de verão
é uma história de amor áspera, improvável, fruto das diferenças entre dois seres insatisfeitos com suas trajetórias.

São 129 páginas e poderiam ser 300 para demonstrar esta sobreposição de caminhos opostos, de mundos distantes, de famílias completamente antagônicas na Nova Iorque surgente do pós-guerra.

Com todo o respeito, Truman, ainda bem que o livro foi publicado.

domingo, 1 de maio de 2011

A Felicidade Conjugal / O Diabo (Leon Tolstói)

Nunca havia lido Tolstói e me envergonho disso. Ainda mais que este livro tem duas histórias que mostram como o moço escrevia bem.

Mesmo A Felicidade Conjugal, que é uma história mais ingênua, mais simples, mais "parada", é escrita com tanta qualidade que não deixa nunca o leitor entediar-se.

Com O Diabo a coisa é diferente. Não dá pra parar de ler e a gente vai percebendo a evolução da obsessão de Evguêni sem nunca se adiantar aos rumos da narrativa. E o melhor, existe o final publicado e uma variação que chegou a ser cogitada pelo autor.

É verdadeiramente uma aula de narrativa e a prova de que não é preciso uma trama mirabolante para criar um texto atraente, bem escrito e capaz de resistir ao tempo.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

A Peste (Albert Camus)

O Estrangeiro costuma ser o livro-referência quando se pensa em Camus e é, realmente, uma bela obra. Só que por alguma questão que não sei explicar, dos três livros que li do autor, A Peste foi o que mais mexeu comigo (A Queda é apenas razoável).

A Peste conta uma história de resistência diante do inevitável, mas não uma história sobre o triunfo da vontade ou do heroísmo que vence as adversidades. Para mim, é o retrato da nossa luta cega contra o inevitável e de como a sorte abençoa alguns e ignora outros.

O livro fala da união de pessoas comuns contra o horror, da coisas que simplesmente acontecem e mudam nossos planos, das decisões que tomamos e como elas podem não afetar o grande esquema das coisas, mas alteram os pequenos rumos, as trajetórias individuais.

É um contraponto entre as grandes catástrofes e os pequenos dramas, humano até doer e doído até não poder mais. Tudo isso coroado por um final dos mais bacanas.

A Peste é daqueles livros que não se contenta em ser apenas mais uma leitura.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Coisas Frágeis 1 e 2 (Neil Gaiman)

Antes de começar, eu gostaria de dizer que não consigo imaginar um único motivo para a Conrad ter lançado Coisas Frágeis em dois volumes que não seja ganhar mais dinheiro. Péssima ideia.

Bom, mas agora sobre o livro em si. Sou fanático por Neil Gaiman e considero The Graveyard Book, Deuses Americanos, Stardust e Neverwhere, obras simplesmente fantásticas.

No caso de Coisas Frágeis, o resultado é irregular. Temos material excelente, surpreendente e único, como costuma ser o que Gaiman escreve, dividindo espaço com textos não tão inspirados assim. E não adianta achar que o volume 1 é que é o ótimo ou que bão mesmo é o 2. Está tudo misturado.

Sendo assim, vale a leitura. Bastante, aliás. Mas se você ainda não conhece Neil Gaiman, comece por outra obra. Vai fazer muita diferença.

sábado, 16 de abril de 2011

As intermitências da morte (José Saramago)

Outro dia meu colega de trabalho Digão Corrêa me perguntou se eu não tinha vontade de escrever textos mais longos para adultos. Respondi que texto para adultos, sim. Mais longos, não. Meu falecido livro de contos "Incultos", é todo composto de histórias para adultos, mas nenhuma com mais de duas ou três laudas.

O livro "As intermitências da morte" reforça em mim a certeza de que não sou um escritor de romances ou novelas. O fato é que se mesmo por um milagre eu tivesse sido abençoado com um argumento tão bacana como é o do livro, em que a morte fica oito meses sem matar e depois volta ao trabalho normalmente (bom, nem tão normalmente assim), eu dificilmente cobriria 207 páginas com o assunto.

Para o bem ou para o mal, Saramago detalha sentimentos, descreve pequenos casos que parecem pouco importantes para a história com grande cuidado, se detém em personagens apenas passageiros e assim enriquece toda a obra que alguém como eu completaria em 6 ou 8 páginas.

"As intermitências da morte" não é o melhor livro que li de Saramago, mas nem por isso deixa de ser excelente. É cheio de um humor negro inteligente, de uma crítica mordaz e de uma mudança de rumos que leva a um desfecho muito bacana.

É livro escrito por quem gosta, tem talento e abusa do dom de escrever bem. E como não tenho tudo isso (ou quase nada disso), me resta ler e gostar.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Os Espiões (Luis Fernando Veríssimo)

Fazia um bom tempo que eu não lia algo do LFV, por isso foi uma delícia ler Os Espiões. Tá certo que eu prefiro o Veríssimo nas histórias curtinhas (crônicas?), mais ainda assim, dá pra rir bastante e pra perceber que o cara é realmente um fodão.

A história prende do início ao fim e confesso que imaginei uns 30 finais e nenhum bateu com o correto.

O ritmo é excelente, as piadas funcionam muito e os personagens são muito bem construídos, principalmente o Professor Fortuna.

É humor que faz cócegas no cérebro. Leia.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Cotoco (John van de Ruit)

Eu até esqueci o ódio pelo Santander enquanto lia Cotoco, do sul africano John van de Ruit. Li como todo livro deveria ser lido, imerso, interessado, com ritmo e ri alto, às gargalhadas, por diversas vezes. Chegou ao ponto da sophia perguntar o que eu estava "vendo".

Cotoco é o livro perfeito para aqueles que ainda são 70% adolescentes como eu. Divertido, cruel e emocionante na medida certa, mostra que adolescentes são adolescentes na África do Sul ou em Ipatinga.

Tenho lá minhas dúvidas se mulheres gostariam tanto do livro, até porque elas tendem a ser menos escrotas do que nós homens aos 14 anos de idade, mas recomendo muito a todos que gostem de um humor juvenil, escrachado e que evoca as mais agridoces memórias.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Pais e Filhos (Ivan Turguêniev)

Não li Pais e Filhos como ele deve ser lido. O livro de Turguêniev pede atenção, pede ritmo, pede saborear as descrições e eu só pude tratá-lo assim nas últimas 70 páginas. Antes, li picado, de duas em duas páginas com espaços longos entre elas.

O estilo da obra é clássico, a linguagem é rebuscada e a história é sensível, embora fale de temas como niilismo que me parecem extremamente datados. Bazárov, no entanto, é um personagem que me pareceu mais xexelento do que interessante.

Resumindo, não acho que eu consiga formar a opinião que Pais e Filhos merece. Talvez seja um grande livro que não tenha recebido de mim a atenção adequada e por isso ficou com gosto de ter sido apenas bom.

segunda-feira, 28 de março de 2011

O Encontro Marcado (Fernando Sabino)

Enquanto avanço a passos lentos (por culpa do trabalho, não do livro) em Pais e Filhos, de Ivan Turguêniev, vou escrevendo aqui sobre alguns dos meus livros favoritos.

O Encontro Marcado, de Fernando Sabino, é desses livros que me parece diferente a cada vez que elio. Até hoje foram três leituras e cada uma com um sabor e um foco diferentes. É como se a obra fosse reescrita para cada etapa da sua vida e feita para ser lida pelo menos uma vez por década.

O "romance de uma geração" é mais do que isso. Fala de amizade, de desencontros, de desesperança e de redescoberta, faz rir e se emocionar. É universal e atemporal.

Em agosto faço 40 anos e ganho o direito de ler novamente a obra. A primeira foi aos 15, a segunda lá pelos 23, a terceira por perto dos 33 e a próxima não demora.

E você, já leu? Então leia ou releia. Vale muito.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Os Miseráveis (Victor Hugo)

Porra, Maurilo, tem livro mais manjado do que Os Miseráveis? Já virou até peça da Broadway, escreve sobre coisa diferente, caramba.

Sim, eu sei que o parágrafo acima pode muito bem refletir o que você pensa, mas sinceramente, eu não poderia me importar menos.

Antes de mais nada, Os Miseráveis é um dos melhores livros que já li e tem em Javert um dos personagens mais fascinantes de todos os tempos.

O livro conta a história de Jean Valjean e sua tentativa de reconstruir a vida após uma história de crimes e sua fuga das galés. Mesmo recuperado, Jean Valjean tem pela frente Javert e é aí que a história ganha em força.

Javert é daqueles personagens que fazem o leitor sentir ódio já nas primeiras linhas. Inflexível, determinado, obcecado pela "letra da lei", Javert é simplesmente formidável em sua busca por desmascarar Jean Valjean ignorando todo e qualquer atenuante. Um inimigo que não apresenta outro aspecto humano que não seja a fidelidade ao seu juramento e à sua crença.

O embate entre Jean Valjean e Javert, além dos fantasmas do primeiro, circundam ainda a história da jovem Cosette, "filha" de Valjean.

É sem sombra de dúvidas um livro obrigatório e, se você ainda não leu, pode acreditar que nenhuma musical grandioso da Broadway pode substituir essa experiência.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Talvez uma história de amor (Martin Page)

Acebei de ler não faz meia hora o Talvez uma história de amor. Eu descobri Martin Page através de Como me tornei estúpido e depois li também A gente se acostuma com o fim do mundo.

Como me tornei estúpido é sensacional e vale a pena ser lido e relido quantas vezes forem necessárias, mas o Talvez uma história de amor não fica nada atrás. É daqueles livros que se fosse publicado frase a frase no Facebook ganharia centenas de "curti" meus.

A premissa do livro já prende a atenção: o publicitário Virgile recebe um recado de Clara em sua secretária eletrônica terminando a relação com ele. O problema é que ele nunca teve qualquer tipo de relacionamento com Clara.

Daí em diante a história se segue com leveza, bom humor e observações inteligentes sobre as pessoas e o mundo.

É um livro muitíssimo bacana, delicioso de ler e surpreendente. E se você é publicitário, vai achar bem interessantes as opiniões do autor sobre a nossa profissão.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Três Contos (Gustave Flaubert)

Eu nunca tinha lido nada de Flaubert, então escolhi este livro da Cosac Naify para começar.

Como está no próprio título são três contos, mas o que o título não diz é que essa é uma aula de escrita. Como escreve bem o filho da mãe. São três histórias completamente diferentes, em épocas diferentes e em cenários diferentes, mas que oferecem o mesmo prazer na hora de ler.

A escolha dos adjetivos, a duração das frases, até o ritmo da pontuação dão um sabor especial ao texto.

O primeiro conto é "Um Coração Simples", uma história cotidiana, lenta, delicada onde se diz muito sobre o pouco que acontece. Uma puta reflexão sobre a vida que passa e nosso papel fútil de meros espectadores.

"A Lenda de São Julião Hospitaleiro" é algo completamente diverso. Visceral, bem construída, deixa a gente preso até o final surpreendente. A descrição dos massacres é algo de tirar o fôlego e a história em si é daquelas que a gente guarda por um bom tempo.

Para fechar, "Herodíade" conta a história de São João Batista e Salomé de uma maneira sedutora e com um forte viés político.

Meu veredito técnico sobre esta obra de Flaubert não poderia ser mais sucinto: vai escrever bem assim lá na putaqueopariu.

É isso.

quarta-feira, 9 de março de 2011

A Ilha Sob o Mar (Isabel Allende)

Vamos começar dizendo que eu gostei muito de A Ilha Sob o Mar, da Isabel Allende. A história da escravidão no Haiti faz a gente entender porque aquele país é a zona que é até hoje e nunca dá muita esperança de que vá melhorar.

O livro tem aquela estrutura de contar uma história pareada com a vida de uma pessoa ou família e nesse sentido tem algo de García Márquez. A visão sobre os eventos ganha humanidade, proximidade e, assim, a leitura flui melhor. O resultado é bacana.

O livro é bom, vale ler, mas talvez até por essa estrutura que eu mencionei, me deu a sensação de algo já visto.

De qualquer forma, é um livro que pede tempo para ser lido e, se não tira a gente do sério de tão bom, serve como uma bela diversão.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Almas Mortas (Nikolai Gógol)

Almas Mortas é um livro sensacional, mesmo não tendo final.

Até onde eu sei, Gógol queimou todos os originais da segunda parte que concluiria a obra e deixou uma narrativa interrompida, o que faz a gente imaginar caminhos e desfechos para o protagonista Tchítchicov.

Até a última linha impressa, Tchítchicov nos envolve em seu plano de comprar "almas mortas", ou seja, adquirir os servos falecidos de proprietários rurais, antes que estes fossem declarados como mortos aos recenseadores.

A ideia era mostrar-se como grande proprietário de almas para obter vantagens, prestígio e, é claro, dinheiro.

Na minha cabeça, Tchítchicov conseguiu sucesso com seu plano e, assim que foi descoberto, levou toda a sua riqueza para Viena, onde continuo aplicando pequenos golpes na elite local. Mas eu não sou Gógol e nem Púchkin, que sugeriu a ele o argumento que deu origem ao livro, e tenho certeza de que a solução deles seria muitíssimo melhor do que esta.

De qualquer forma, bom mesmo é ler Almas Mortas, se embrenhar na corrupção e na decadência da sociedade rural russa da época e depois imaginar os próprios finais quantas vezes quiser.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O Barão Nas Árvores (Ítalo Calvino)

Ítalo Calvino é o exemplo de que é possível tratar o absurdo de forma cotidiana. Seja uma infestação de formigas (A Formiga Argentina), a vida de seres que viveram através de bilhões de anos da história do universo (Cosmicômicas) ou um jovem barão que, ainda criança, resolve nunca mais pôr os pés no chão.

É uma história de caprichos que viram compromissos e de compromissos que passam a ditar uma vida.

É também uma história de um grande amor que brota em meio às vontades opostas dos apaixonados.

É acima de tudo um livro leve e que acaba por enredar o inusitado da situação em meio a sentimentos banais que envolver pessoas (bem lá no fundo) comuns.

Um ótimo caminho para se iniciar na obra de Calvino e perceber que, quase sempre, o leiteiro continua entregando o leite mesmo em meio a ruínas.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O Animal Agonizante (Philip Roth)

O Animal Agonizante foi, junto com Na Natureza Selvagem (Jon Krakauer), o livro que mais me indicaram até hoje. A diferença é que o "Animal" sempre foi indicado pelo Toninho, meu amigo, e o outro por diversas pessoas.

Pois bem, não faz muito tempo que li O Animal Agonizante. Achei extremamente bem escrito, mas a temática não me pegou de jeito. Não dá pra negar que é um bom livro e que vale a pena ser lido, mas assim como Germinal (Émile Zola), faltou algo que me deixasse realmente fascinado.

Não sei explicar direito. Pode ter sido a época da minha vida, o ritmo em que o li, a obra que li antes, sei lá. Só sei que é um livro que eu recomendo e que até consigo entender porque meu amigo acha sensacional, mas pra mim foi apenas uma boa leitura.

Tudo bem, o reverso comigo acontece com Onetti, que me deixa embasbacado e que muita gente acha lento e comum.

Aliás, toda obra de arte é assim, abre conexões com algumas pessoas e com outras nem tanto. Por isso, indico O Animal Agonizante como um bom livro. Se você achar genial, vou compreender. Se não achar, vou concordar.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Tudo Se Ilumina (Jonathan Safran Foer)

Não tem nada que eu tenha lido do Safran Foer que eu não considere excelente. É um autor que oferece uma narrativa sempre surpreendente, personagens bem construídos e histórias inusitadas.

Hoje vou falar de Tudo Se Ilumina, mas não tem como escapar de, em outro momento, dar minha opinião sobre Extremamente Alto e Incrivelmente Perto e Eating Animals. O último, se não me engano, ainda não publicado no Brasil.

Se alguém aí viu o filme "Uma Vida Iluminada", com o Elijah Wood, já tem uma boa noção da história de Tudo Se Ilumina, mas precisa ler o livro para perceber cada detalhe da escrita de Safran Foer.

O livro conta a história de um americando que vai atrás de suas raízes judaicas na Ucrânia e encontra um mundo repleto de loucos. Aliás, nem sempre dá pra saber quem é o verdadeiro "estranho", se o americano certinho Jonathan ou seu companheiro de viagem ucraniano Alexander.

Talvez uma das coisas que mais tenha me encantado no livro é que a história nos é passada em algumas partes pelo jovem americano, em outras pelo jovem ucraniano e em outras ainda por uma obra esccrita pelo personagem principal (sim, o americano).

Parece confuso, mas é delicioso. É divertido ver a oposição de visões, a lógica de cada um e a forma como aprendem e constroem um ao outro.

Um livro que alguns vão achar difícil, mas que nunca poderá ser considerado "comum" ou deixar o leitor indiferente. Eu acehi sensacional. Recomendo.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Seda (Alessandro Baricco)

Seda é um livro delicado, sutil, escrito quase como se fosse um poema.

É curto, mas cheio de detalhes ao contar a história de Hervé Joncour, que vai ao Japão comprar ovos de bicho-da-seda para garantir a sobrevivência da cidade onde vive, na França.
Chegando ao "fim do mundo", encontra uma obsessão que confunde com amor ou um amor que confunde com obsessão.

Um livro feito de sensações, que se lê em uma tarde tranquila, mas que dura dentro da gente por dias e dias.

Recomendadíssimo. Deu vontade de conhecer o restante da obra de Alessandro Baricco.

Leitorzim

Leio porque gosto. Não sou intelectual, não sou literato, não sou crítico. Tenho prazer em falar sobre livros, mas não quero compromisso com prazos.

De vez em quando vou falar aqui sobre o que já li, sobre o que estou lendo, sobre o que gostaria de ler ou reler.

Se o que eu escrever servir, ótimo, mas não me venha com sete pedras só porque não gostou de algo que elogiei.

Como eu disse antes, não sou intelectual, não sou literato, não sou crítico. Leio porque gosto.