terça-feira, 31 de maio de 2011

O Senhor das Moscas (William Golding)

Enquanto me arrasto por A Ilha do Dia Anterior, de Umberto Eco (mais por culpa minha do que do livro), resolvi não deixar isso aqui completamente às moscas e falar sobre algo que li já faz algum tempo: O Senhor das Moscas, de William Golding.

Poucas obras deixam tão claro o risco de acreditarmos no bom senso e na bondade intrínsecas ao ser humano, até porque em algumas pessoas ela simplesmente não existe.

A história do grupo de crianças que naufraga e se vê na improvável condição de criar suas regras e limites sem a presença de um adulto é aterrorizante na medida em que trata do ser humano como um animal domesticado que ainda tem dentro de si o irracional e o imperdoável.

Uma obra fácil de ler que constrói personagens de forma precisa e que nos presenteia com uma tensão que praticamente se pode tocar. Imperdível.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Peanuts Completo - volume 4 (Charles Schulz)

Ok, Peanuts são quadrinhos e não livros, mas quem disse que há diferença? Estou no quarto volume da série do Peanuts completo, não cheguei sequer aos anos 60 e já conheci personagens que sumiram com o tempo, percebi a evolução do traço e entendi um pouco mais da personalidade dos americanos.

É daqueles livros que se guarda para os filhos e que não envelhece jamais.

Fico aqui esperando os outros volumes certo de que ainda tem muita coisa boa pela frente. E enquanto isso, vou lendo livros "de adulto" e me perguntando quais deixar para a Sophia, quais passar para frente e quais reler.

E é muito bom que seja assim.

domingo, 8 de maio de 2011

O Filho Eterno (Cristovão Tezza)

Uma das maiores angústias de qualquer pai (bom, não sei de qualquer pai, mas no meu caso foi) é a batelada de exames para se medir a saúde da criança ainda por nascer.

Obviamente é bastante melhor do que aquela situação de se esperar o inesperado como acontecia na época em que eu nasci e em que a primeira providência era conferir o sexo e contar dedinhos. Ainda assim, sobre cada exame paira o medo do problema fatal, da notícia ruim, de uma nova dificuldade que se apresente.

No caso da minha Sophia, graças a Deus, foi tudo absolutamente normal. Mas estas experiências marcam e mesmo agora, quando lá se vão quase 6 anos do nascimento, ler O Filho Eterno é como levar um soco no estômago.

O relacionamento do pai com o filho portador de Síndrome de Down é revoltante, comovente e completamente fora de clichês.

É leitura dolorida porque tem verdade, porque é crua, mas também porque é bem escrita e torna difícil não continuar lendo.

Bela obra que já me havia sido indicada por algumas pessoas e que recomendo a quem quiser uma experiência até certo ponto incômoda, mas extremamente proveitosa de leitura.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

O Conto da Ilha Desconhecida (José Saramago)

Meu amigo Digão Corrêa me emprestou o livrinho O Conto da Ilha Desconhecida, de José Saramago.

Digo livrinho porque é realmente bastante pequeno, mas que historinha bacana, viu? Leitura leve de um Saramago que sabe ser conciso e preciso quando quer.

Ah, e depois dessa dica rápida, lembre-se de que ainda temos livros na Biblioteca Solidária. Para participar, acesse http://pastelzinho.blogspot.com.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Travessia de Verão (Truman Capote)

Tudo indica que Travessia de Verão seja a primeira obra de Capote e é fato que ele não queria que ela fosse publicada. DEveria ter lá seus motivos embora eu não os compreenda.

Exatamente como no caso do Tolstói, não tinha ainda lido nada de Capote. Embora conheça algumas de suas obras através de filmes, este foi meu primeiro contato com a prosa do autor. Acabei de ler o livro assim que acordei hoje e vou dizer que fiquei muito bem impressionado.

Travessia de verão
é uma história de amor áspera, improvável, fruto das diferenças entre dois seres insatisfeitos com suas trajetórias.

São 129 páginas e poderiam ser 300 para demonstrar esta sobreposição de caminhos opostos, de mundos distantes, de famílias completamente antagônicas na Nova Iorque surgente do pós-guerra.

Com todo o respeito, Truman, ainda bem que o livro foi publicado.

domingo, 1 de maio de 2011

A Felicidade Conjugal / O Diabo (Leon Tolstói)

Nunca havia lido Tolstói e me envergonho disso. Ainda mais que este livro tem duas histórias que mostram como o moço escrevia bem.

Mesmo A Felicidade Conjugal, que é uma história mais ingênua, mais simples, mais "parada", é escrita com tanta qualidade que não deixa nunca o leitor entediar-se.

Com O Diabo a coisa é diferente. Não dá pra parar de ler e a gente vai percebendo a evolução da obsessão de Evguêni sem nunca se adiantar aos rumos da narrativa. E o melhor, existe o final publicado e uma variação que chegou a ser cogitada pelo autor.

É verdadeiramente uma aula de narrativa e a prova de que não é preciso uma trama mirabolante para criar um texto atraente, bem escrito e capaz de resistir ao tempo.