quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Memória de Elefante (Caeto)



"Memória de Elefante" não é uma puta graphic novel, mas é um bom livro em forma de quadrinhos. A verdade é que, por ser meio parecido com a narrativa de "Retalhos", a comparação foi quase obrigatória e aí "Memória" sai perdendo.

É uma leitura que vale, por exemplo, pra aliviar o peso de um livro chato ou algo assim, mas a ilustra é muito crua e a história que começa razoável vai ficando boa de verdade perto do final.

Os aficcionados por HQ talvez vejam mais qualidades na obra do que eu vi, mas pra mim é um livro bonzinho e nada mais.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Festa no covil (Juan Pablo Villalobos)


Acabei de ler Festa no Covil durante o meu horário de almoço e, confesso, ainda estou atordoado. A história é contada por um menino órfão de mãe e filho de um chefão do narcotráfico mexicano.

A visão dele sobre seu palácio no meio da selva e as 14 pessoas que ele conhece, sua forma de perceber as coisas a partir do submundo onde é criado, tudo isso dá um sabor agridoce à leitura.

Devo ter lido tudo em menos de duas horas e, sinceramente, já me deu vontade de descobrir outros títulos do autor. Um livro curto e marcante. Uma leitura deliciosa e dura.

É o tipo de presente que eu daria feliz para o meu melhor amigo no Natal.

As verdades que ela não diz (Marcelo Rubens Paiva)


Eu gostei muitíssimo de Feliz Ano Velho e curti bastante Blecaute, o que me levou a comprar mais este livro de Marcelo Rubens Paiva.

São crônicas sobre a relação homem/mulher que, embora bem escritas e com estilo gostoso, muitas vezes são previsíveis.

O resultado é um livro bom para passar o tempo, que fala de algumas questões comuns a todo mundo e que, se não é um prodígio da análise humana e da originalidade, não é de forma alguma uma leitura ruim.

Acho até que tem gente que vai gostar bem mais do que eu.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Diário da Queda (Michel Laub)


Diário da Queda é um livro surpreendente na forma e marcante no conteúdo. A história de um menino judeu que se transforma em algoz e vítima ao longo de uma narrativa que passa por Auschwitz, pela queda de um colega na festa de aniversário e pela prórpia fraqueza diante da vida.

Um livro que não se deixa largar e uma história que faz pensar sobre tudo de inconfessável que há em nossas vidas, desde pecadinhos hediondos até grandes horrores escondidos.

A inviabilidade da experiência humana questionando o próximo passo e um fato que muda todo o rumo de uma vida.

Recomendadíssimo.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Monstros (Gustavo Duarte)



Que livro bem cuidado, que ilustras de primeira, que narrativa bacana mesmo sem uma palavra. Gustavo Duarte acertou a mão nesta obra que a gente lê, relê, repara detalhes e passa o tempo deliciosamente.

Deveria ser mais longo, deveria ter mais monstros, deveria ter outro pra eu comprar mês que vem.

Muito legal.

Chamadas telefônicas (Roberto Bolaño)



Meu primeiro livro de Roberto Bolaño deixou uma sensação incompleta. Tem textos muito bons e outros bastante chatos. Pra falar a verdade, acho que preciso ler outras coisas dele pra formar minha opinião sobre o cara.

A primeira parte do livro é mais interessante, mas depois disso ele começa a oscilar bastante. Não sei se é um dos primeiros livros do Bolaño, mas quero ler algo mais consistente pra entender melhor tudo o que se diz sobre ele como autor.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

A Necessary Spectacle (Selena Roberts)



Antes de mais nada, eu adoro esportes e adoro livros. Não deveria ser surpresa, portanto, o fato de eu adorar livros sobre esportes e atletas.

Nesse caso, no entanto, o livro tem um viés histórico no que diz respeito às conquistas dos direitos das mulheres. A obra fala sobre a grande tenista Billie Jean King e seu jogo contra o ex-campeão de Wimbledon, fanfarrão e machista Bobby Riggs.

Além da história dos dois personagens e do jogo em si, o livro aborda o momento americano na época, a questão da aceitação da própria opção sexual, a briga por investimentos no esporte universitário e muito mais.

Eu não me lembrava do jogo, mas foi muito legal ver a coragem de Billie Jean King, sua luta pessoal, o posicionamento da mídia e mesmo a amizade que surgiu entre os dois antagonistas.

Bom livro que se lê rápido e com gosto.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Trem noturno para Lisboa (Pascal Mercier)



"Trem noturno..." é um bom livro. O ritmo flui e o autor tem um mérito raro: consegue dar viradas na trama e nos personagens quando a coisa começa a ficar chata.

Por isso, mesmo sendo um livro que não chega a apaixonar, a obra nunca cansa e leva o leitor tranquilamente até o final.

A história do professor de línguas que larga tudo por um fato aparentemente insignificante e troca Berna por Lisboa é cheia de nuances e histórias, tudo conduzido pelos textos de um médico português.

Talvez esteja aí o único problema do livro, na minha opinião, os textos do tal Amadeu Prado, que chocam e encantam os personagens, me pareceram apenas razoáveis. Mentira, são bons textos, mas nada que faça alguém se encantar tanto pelo autor.

Mas isso a gente releva, porque o resultado final é bom e as 460 páginas passam rapidinho. Vale a leitura.

domingo, 7 de outubro de 2012

Para viver com poesia (Mario Quintana)



Não é bem um livro. É mais uma coletânea de frases geniais, doces, poéticas, inesquecíveis de Mario Quintana. Pequenas verdades que iluminam o momento e que a gente carrega ao longo do dia.

Não é um livro de bolso, não é um livro de cabeceira. É um livro de alma.

"Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro."

"Às vezes a gente pensa que está dizendo bobagem e está fazendo poesia."

"O tempo é um ponto de vista dos relógios."


terça-feira, 2 de outubro de 2012

O Estaleiro (Juan Carlos Onetti)



Alguns escritores fazem parecer que você conseguiria escrever como eles. Hemingway e Sabino, por exemplo, sempre dão a entender que, se um dia você quisesse mesmo, poderia escrever algum daqueles contos.

Claro que é bobagem e que o segredo do talento deles está justamente nessa falsa sensação de algo comum.

Já outros autores não dão essa canja. Ao ler Safran-Foer e Borges, por exemplo, você não tem a mínima esperança de escrever algo daquele nível.

Onetti faz parte do segundo grupo. O autor joga seu manto cinza-azulado sobre tudo o que cria e tudo é triste e penoso. A escrita é detalhada, poética, profunda e cada parágrafo faz com que você também ganhe os tons da obra.

O Estaleiro é meu terceiro ou quarto livro de Onetti, mas dificilmente será o último. As relações que seguem cotidianas e rotineiras diante do imenso absurdo que todos fingem ignorar, os personagens marcados pela vida, desiludidos, tudo isso faz a gente se apaixonar pela obra.

Não é uma paixão de verão e nem um "lance" à primeira vista. É um sentimento que nasce da dor e da surpresa de se deparar com o pior do outro e entender que aquilo basta.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O Treco (Artur Eduardo Souza)



Eu sempre acho complicado ler um livro ou texto de amigos. A gente se sente na obrigação de gostar e fica cheio de dedos para dar o retorno. Agora, quando o livro te surpreende de tão bom, aí a coisa muda de figura.

O livro "O Treco", do redator publicitário Artur Eduardo é simplesmente delicioso. Bem escrito, bem cuidado, com histórias que vão do divertido ao questionador, é daquelas obras que a gente termina de ler e pensa "mas, já?".

Alguns dos contos são dignos de se transformarem em curtas, receberem prêmios ou pelo menos serem reconhecidos pela crítica especializada como belos trabalhos. Já estou com vontade de ler o outro livro do Artur.

Daqui a pouco ele aparece por aqui também.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A memória de uma amizade eterna (Gail Caldwell)



Tô pensando muito pra escrever sobre o que eu achei deste livro. É um bom livro e que, até por tratar de morte e separação, emociona. Mas achei um pouco feminino demais.

E acho até que foi essa a intenção da autora, já que a história é posicionada no universo feminino no que diz respeito a relacionamentos, pontos de vista e tudo mais. Foi uma escolha e é o tema da obra, mas me senti meio "de fora" em alguns trechos, talvez por causa disso.

De qualquer forma, é um bom livro, e acho que, salvo engano, as moças vão gostar ainda mais do que eu.

Ah, e pra quem curte cachorros, como eu, é um prato cheio também. Simplificando demais, parece uma mistura de "Marley e Eu" e hmmm... "Telma e Louise" sem tanta aventura? Não, esquece, é melhor você ler e ver o que acha por conta própria.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios (Marçal Aquino)



O título já é do caramba, mas o livro é melhor ainda. A história do fotógrafo Cauby em algum lugar do Pará e seu envolvimento amoroso com a belíssima e complicadíssima Lavínia é forte como poucas.

Tudo anuncia uma tragédia e, mesmo quando achamos que tudo vai dar certo, o sentimento de inevitabilidade nos acompanha. São personagens ricos e um texto fluido que fazem da leitura um grande prazer.

Senti falta apenas de um detalhamento um pouco maior do pastor Ernani, mas aí é coisa de quem enxergou um personagem tão interessante que acha que o seu papel deveria ser maior. Bobagens de leitor.

Li rapidinho e fiquei com muita vontade de ver o filme. Mas depois passou. O risco de ver um filme baseado em um livro tão bom ainda é muito grande pra mim.

Diomedes (Lourenço Mutarelli)



Eu já tinha lido alguma coisinha, mas fui descobrir Lourenço Mutarelli de verdade em 2012, com o bacaníssimo "Nada me faltará". Agora, fui ler Diomedes e me surpreendi novamente, dessa vez com o traço que se alterna entre o grotesco e o "quase perfeito".

Diomedes é um livro detetivesco que mistura humor, loucura e um lirismo dolorido em algumas passagens. Personagens que entram repentinamente na história e desaparecem, gente que volta inesperadamente e muitas tramas paralelas.

Só me incomodou um pouco a linha meio "forçada" que une a trilogia. Talvez as histórias funcionassem melhor como tramas separadas que se tocam em algum momento do que tentando seguir um rumo único.

A última das três, então, é completamente alucinada, o que não quer dizer que seja ruim.

É um livro muito bom que, provavelmente, seria ainda melhor se fosse três.


quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Contos - volumes 1, 2 e 3 (Ernest Hemingway)







Duas observações antes de começar: primeiro, eu preferi fazer um texto sobre os três livros juntos porque acho meio sacanagem falar sobre três livros de contos do mesmo autor como se fossem obras separadas. Segundo, eu acho uma sacanagem lançar os contos de Hemingway em três volumes separados ao invés de fazer uma edição completa e grandona com todos os contos.

De qualquer forma, é bom vocês saberem que eu sou fã de Hemingway. O Velho e o Mar, Por Quem os Sinos Dobram e Paris é Uma Festa são alguns dos meus livros preferidos, especialmente o último. Minha única decepção foi Sangue e Areia, que me parece abaixo dos outros.

Pois bem, lendo estes livros de contos eu entendi o por quê. Sangue e Areia é material para narrativa curta, na minha opinião. Seria perfeito se tivesse o tamanho, por exemplo, de As Neves do Kilimanjaro. Mas isso é só uma observação que pode ser uma tremenda bobagem.

De qualquer forma, adorei os contos também. São histórias passadas na guerra (Itália e Espanha em sua maioria), no interior americano, na África, na Flórida e em Cuba que nos fazem enxergar a paisagem e entrar nos dramas dos personagens.

Algumas são extremamente simples e curtas e outras são grandes torvelinhos de emoções.

Uma bela experiiencia literária para quem já gosta de Hemingway e para quem nunca ouviu falar.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O Pai Goriot (Honoré de Balzac)



Existe uma história bem bacana em O Pai Goriot. Existe uma crítica à sociedade, existem os conflitos de um jovem, existe um final que deixa muito a se imaginar.

Infelizmente existe também o estilo rebuscado demais como era comum na época e que, às vezes, nos faz desligar um pouco da história em meio a tantos exageros nas descrições.

Demorei bastante a ler O Pai Goriot e, embora tenha gostado bastante no geral e ao final, não posso dizer que tenha sido uma experiência sempre tranquila ou fácil.

Recomendo, mas apenas para certo tipo de leitor e em doses homeopáticas.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Retalhos (Craig Thompson)







Eu sempre vi "Retalhos" nas prateleiras e sempre ouvi comentários elogiosos sobre a graphic novel, mas só fui ler mesmo agora.

De verdade? Achei excelente tanto o trabalho gráfico quanto o texto. Que bela obra em quadrinhos, que coisa gostosa de ler, mesmo quando é pesada.

É daqueles livros que se pode dar de presente até para quem não tem o hábito de ler quadrinhos e que retrata a vida no meio-oeste americano com a visão de quem "escapou" com clareza da decisão, mas sem (muitos) recalques.

Estou na dúvida se coloco na Biblioteca Solidária do Tio Maurilo. em dezembro vocês saberão.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

O Silmarillion (J. R. R. Tolkien)


Situação difícil essa de ler O Silmarillion. Para quem nunca leu nada de Tolkien é um livro demasiado cheio de histórias e personagens, difícil de acompanhar, embora interessante.

Para quem já leu pelo menos "O Hobbit" e "O Senhor dos Anéis", como é o meu caso, o livro ganha interesse, pois fala de origens de personagens ou elementos de histórias que já curtimos: o surgimento de Sauron, a origem da inimizade entre elfos e anões, de onde veio Gandalf, etc.

No entanto, o maior problema do Silmarillion, na minha opinião, é que são histórias demais sem um fio condutor. Tudo se mistura e se confunde ao longo da leitura e o caminho é tortuoso demais entre a origem de tudo e a Terceira Era.

Resumindo, se você já gosta e já leu Tolkien, leia. Se não leu nada ainda, comece por outro livro.


terça-feira, 10 de julho de 2012

A Condenação de Emília (Ilan Brenman)


O pessoal da Aletria acertou em cheio na publicação desse livro que analisa o politicamente correto na literatura infantil. Eu, que sou interessado no assunto como pai, leitor e escritor, achei simplesmente sensacional e gostaria de enviar cópias para muita gente que tem opiniões pró ou contra, mas que pode acrescentar algo significativo ao debate.

Na minha visão, a literatura higienizada, sem conflitos, monstros, dores ou perdas é o tipo de malefício  bem-intencionado a que expomos nossos filhos diariamente. Tentar poupar do sofrimento e do feio em obras culturais é roubar da criança o direito à válvula de escape, à fantasia, a entrar em contato e a dar vazão ao lado cruel que todos temos.

Acho uma obra fundamental e Ilan Brenman, que eu já respeitava como autor de livros infantis, galgou outro degrau no meu conceito.

Excelente leitura, excelente visão da literatura, excelente ponto de partida para um debate que precisa existir e ganhar corpo urgentemente.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Watchmen (Alan Moore & Dave Gibbons)


Edição definitiva de Watchmen pra relembrar uma das minhas séries de quadrinhos favoritas. Li pela primeira vez, se não me engano, no finalzinho dos anos 80. Depois vi o filme e agora reli de uma vezada só a obra toda.

É uma história realmente muito bacana, com personagens marcantes que, mesmo tendo ficado datada, ainda dá prazer de ler.

Agora, é engraçado como o tempo muda nossa visão das coisas. A história do "Cargueiro Negro" me impressionou muito mais agora do que antes e as ilustrrações me decepcionaram 20 anos depois.

Ainda assim, o saldo é positivo. Watchmen é uma das grandes obras dos quadrinhos de heróis.

sábado, 30 de junho de 2012

Vermelho Amargo (Bartolomeu Campos de Queirós)


Tomates, um menino e sua família são os personagens deste livro que compara sentimentos e expressa perdas e amores com uma poesia lenta e forte.

As 65 páginas parecem 150 e isso não é ruim, muito pelo contrário, é densidade que se absorve a cada palavra e que fica com a gente.

Uma boa leitura, com trechos muitíssimo bem escritos e que consegue fazer do tomate quase que o protagonista de tudo, seja do tempo, da saudade ou da dificuldade de se dizer o que sente.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Linchpin (Seth Godin)


Eu sempre li Seth Godin em seu blog. Para quem não conhece, é um dos grandes pensadores sobre as novas tecnologias e seu impacto nas relações humanas, profissionais e mercadológicas.

Foi movido por isso que resolvi comprar "Linchpin" e, confesso, encontrei o que esperava. Godin escreve muito bem e discorre sobre temas complicados com bastante clareza e confiança. Explica causas, debate opiniões, mas não oferece receitas.

Ler Godin é receber um monte de dicas para você mesmo construir um mapa. Acho que o livro retrata muito bem a questão do conforto dos nossos medos e do perigo de transformar o que amamos fazer em um emprego ao invés de aprender a amar nosso trabalho. Hobbies não precisam gerar grana, mas o seu ganha-pão pode ser bem mais do que um simples ganha-pão.

Enfim, é uma obra de auto-ajuda com o que o termo possa ter de melhor. Especialmente recomendado para quem ainda pensa o mundo como ele foi na década de 90.

Cow Boy (Nate Cosby & Chris Eliopoulos)



Antes de mais nada, que projeto gráfico bacana. Em segundo lugar, que ilustras e que colaboradores legais. Em terceiro lugar, que historinha central supimpa.

Gostei bastante do Cow Boy, que conta a história de um menino de 10 anos que parece ser o único honesto em uma família de meliantes. Ele sai para resgatar seu pai da prisão armado de seu cavalo-de-pau / metralhadora.

As histórias intermediárias também são bem bacanas e o livro, que se lê em uma sentada, vale demais a pena. Esse eu guardei pra Sophia ler mais pra frente.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Sonhos de Trem (Denis Johnson)


Robert Grainier é um personagem do caralho. Uma pessoa que tem um hiato de felicidade ao longo da vida e que depois se consome em viver com seus próprios medos, sua própria rotina, suas próprias convicções que, se não são exatamente poderosas, são definitivamente irrevogáveis.

Um livro curto e emocionante que me fez marejar os olhos em público no capítulo 8. Uma história simples e tocante sobre a solidão e  sobre como alguns reagem à imprevisibilidade da vida.

Não sei dizer bem o motivo, mas me deixou um gosto de "Enquanto Agonizo" (William Faulkner) ao final da leitura, o que sempre é um ótimo sinal.

Eu daria de presente para alguém que gosto muito e torceria para a pessoa gostar muito também.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Cenas da Vida na Aldeia (Amós Oz)





Cenas da Vida na Aldeia acontece em um vilarejo de Israel que, aos poucos, se transforma em cidadezinha cult. No entanto, as histórias do livro são essencialmente sobre pessoas. Manias, relacionamentos, intrusos, desconhecidos, suspeitas e mistérios inssolúveis a cada capítulo.

São historinhas sem final, o que pode agradar muito a alguns (como eu) e exasperar outros, mas é impossível deixar de conjecturar sobre o que aconteceu, inventar desfechos e, sim, passar um pouco de raiva com aquela sensação de termos saído no melhor da festa.

É um livro pelo qual a gente cria afeição ao longo da leitura e que complementa, muito bem,, uma manhã em casa. Gostei bastante.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Liberdade (Jonathan Franzen)





Posso assumir uma coisa? Eu comprei esse livro porque o site me passou uma informação errada. O título "Liberdade" estava cadastrado como sendo de autoria do Jonathan Safran-Foer e eu, admirado pela oportunidade de adquirir um livro raro de um dos meus autores favoritos, fiz o pedido sem pestanejar.

Só fui perceber o erro quando o produto chegou lá em casa. Claro que na hora fiquei decepcionado, mas fui me informar sobre o livro e  logo percebi que poderia ter sido, ao final, um engano feliz.

Hoje, 600 e poucas páginas depois, confirmo minhas suspeitas. Um equívoco bobo me apresentou a um livro muitíssimo bom, que fala de um triângulo amoroso, de relações entre amigos e casais, de pais e filhos e de uma questão ecológica cada vez menos clara e com respostas menos definitivas.

"Liberdade" fala dos erros de cada um ao longo da vida, alguns passíveis de remendos e outros, não. Uma leitura que flui muito bem e que se aprofunda na medida certa em cada personagem, mesmo naqueles secundários.

Nunca foi tão bom comprar gato por lebre.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Recordações da Casa dos Mortos (Fiódor Dostoiévski)





Recordações da Casa ds Mortos é um livro essencialmente descritivo, cobrindo boa parte ds 4 anos de pena cumpridos por um aristocrata russo em uma prisão da Sibéria.

São muitos personagens em um ambiente menos opressivo do que se imaginaria e cada um com suapequena história, seu drama pessoal e a difícil missão de conviver.

O texto de Dostoiévski é  fluido e muitíssimo bem escrito, mas falta uma história, uma trama ao livro, o que me fez demorar bem mais do que gostaria para terminá-lo.

Valeu pelo cenário histórico e pelas descrições humanas que a obra apresenta, mas é realmente uma leitura que requer um certo estado de espírito. Algumas vezes eu estive nesse estado e outras não. Podemos dizer que oscilei entre o prazer e o descaso.

sábado, 5 de maio de 2012

Milarepa (Eric-Emmanuel Schmitt)


Milarepa é uma fábula budista que faz parte da Trilogia do Invisível, composta por três histórias de Eric-Emmanuel Schmitt sobre três religiões.

O livro tem 60 páginas apenas e conta a história de um homem que precisa narrar a história de seu inimigo por cem mil encarnações antes de se livrar do ódio.

É um texto bastante espiritual e, obviamente, baseado nas crenças e na filosofia budista. Fácil de ler, leve e com uma boa mensagem, me fez querer ler os outros dois livros que contam histórias na ótica das religiões islâmica e cristã.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Expedição ao Inverno (Aharon Appelfeld)



Quando Bruno Golgher, do Café com Letras, me indicou Expedição ao Inverno, comentou que mesmo os maiors dramas eram contados com uma suavidade impressionante por Aharon Appelfeld. É verdade e ´´e o traço mais marcante deste livro.

A história de uma pequena comunidade judaica nas montanhas dos Cárpatos e seus dramas cotidianos é a base de uma história que se torna mais complexa com a proximidade do avanço de Hitler.

O protagonista, Kuti, um jovem órfão com dificuldades de fala, se relaciona com a madastra, o chefe no hotel, o homem milagrosos e outras personagens sempre refletindo sobre o futuro e o passado. Uma narrativa leve, de ritmo tranquilo, que passa por dramas, pequenas vitórias e grandes expectativas quase sem causar espanto ao leitor.

Um belo livro que, embora não seja de tirar o fôlego, proporciona momentos muito prazerosos.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Queen (Phil Sutcliffe)


É leitura de fã? Claro que é. Tem interesse para qualquer pessoa que curta Queen? Claro que não. Ainda assim vou falar, como fã, sobre este livro que acabei de ler ontem.

Que bacana é ver tantas fotos, tantas curiosidades históricas sobre sua banda favorita.

Um grupo controvertido que tinha questões difíceis quanto à remuneração dos próprios membros e que esteve diante de situações complexas na África do Sul e mesmo no Brasil. Até mesmo o triste e doloroso final de vida de Freddie Mercury é controverso por seu silêncio que pode ser encarado como coragem ou covardia conforme o ponto de vista.

Não é tanto literatura, mas é um relato jornalístico, um exercício de memória excelente para os fãs da banda.

domingo, 8 de abril de 2012

La Ley de la Ferocidad (Pablo Ramos)


Pablo Ramos escreveu um livro poderoso. A indicação que recebi em Buenos Aires valeu e a obra que parte da morte de um pai incapaz de compreender e impossível de ser compreendido por um de seus filhos é simplesmente arrebatadora.

A trajetória de Gabriel por drogas, prostitutas, o passado e sua família nos leva a cenas de imensa dor, humor e beleza. Uma pessoa que faz da autodestruição o seu cotidiano e magoa a todos de forma quase automática.

Tirando a "bruxa" Sara, que me pareceu meio forçada, o resto dos personagens é convincente mesmo quando duram poucas linhas.

Um livro altamente recomendável, pesado e leve ao mesmo tempo, daqueles que não permite ao leitor deixá-lo por mais de algumas horas ou lê-lo com indiferença.

sexta-feira, 30 de março de 2012

O Romancista Ingênuo e o Sentimental (Orhan Pamuk)

Eu compro livros de diversas maneiras: porque me indicaram, porque li sobre eles, porque são clássicos, porque são de algum autor que eu conheço, porque são de algum autor que eu quero conhecer, porque li uma crítica interessante, porque são lançamento, pelo tamanho e até mesmo pela capa.

É difícil eu entrar em uma livraria sabendo exatamente o que eu quero. Normalmente me deixo levar pela prateleiras e, vendo um livro, desencadeio uma sequência de pensamentos e sentimentos que me leva às minhas escolhas naquele momento.

Por exemplo, se quero um livro para uma viagem de três dias, prefiro algum autor conhecido e um livro curto. Se é para as férias, posso escolher vários volumes ou uma obra mais encorpada. A partir daí, é o espaço da livraria que me conduz.

Com "O Romancista Ingênuo e o Sentimental" foi assim. Nunca havia lido Orhan Pamuk, embora já tivesse ouvido falar dele e de seus livros. Passei por uma seção com várias de suas obras e fui imediatamente atraído pela capa de "O Romancista". Livro curto, autor que queria conhecer, título interessante, vamos nessa.

Resultado? Fui enganado. Não era um romance ou mesmo um conto, como supus, mas um livro que fala sobre a arte de ler e escrever romances. A opinião de um escritor sobre a manufatura da literatura e o olhar do leitor sobre ela.

Foi um feliz engano. Uma obra gostosa, feita para quem é apaixonado pelos livros, seja escrevendo ou lendo.

Um texto com base, com referências e bom de se ler, capaz de fazer com que a gente pense um pouco mais sobre tudo aquilo que faz de um livro que gostamos, um livro que gostamos.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Agora É Que São Elas (Paulo Leminski)

Confesso, "Agora é que são elas" é muito doido pra mim. Um material muito experimental, com abuso do nonsense e que só é realmente delicioso quando algumas frases ou parágrafos resvalam na poesia leminskiana.

Claro que ao ler o romance eu nunca pensei que fosse algo próximo da poesia do grande curitibano, mas realmente achei que faltou um ritmo melhor, uma linha que desse vontade de seguir.

Foi bom para conhecer esta outra faceta de Leminski e até mesmo para ler um tipo de prosa com a qual não estou acostumado, mas ficou abaixo do que eu esperava.

É como o omelete de ovo de águia com leite de iaque condensado que você comeu na sua última viagem ao Tibet: interessante para experimentar, mas uma vez basta.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Fala, amendoeira (Carlos Drummond de Andrade)

Como é bom ler as coisas de Drummond. Deixar-se levar por aquele leveza que encobre até a mais terrível das dores crônica após crônica.

Fazia muito tempo (tempo demais) que eu não lia Drummond e, após o "Fala, amendoeira", ficou a certeza de que isso não pode se repetir.

A poesia de um ovo de pato que se choca, um menino que brinca sozinha na rua - talvez abandonado pelo pai, os problemas com o abastecimento de água no Rio de Janeiro antigo, tudo se transforma em um pedaço mágico do tempo nas mãos de Drummond.

Acabei de ler e fiquei assim, bobo de ver como alguém que escreve tão bem consegue mudar nosso dia, nosso humor e nosso jeito de ver as coisas.

quarta-feira, 21 de março de 2012

O Homem Que Queria Ser Rei e outras histórias (Rudyard Kipling)

A Índia de quando eu era garoto vivia no meu imaginário como uma terra de aventuras, tigres e grandes selvas. Não era um lugar místico, mas um lugar selvagem e Kipling provavelmente é um dos grandes responsáveis por isso com seu Mogli e seu homem que queria ser rei.

Kipling está para a Índia como Joseph Conrad está para a África. E se Conrad cria climas mais intensos, Kipling é um contador de histórias superior.

Neste livro é quase possível sentir o calor, a estranheza do inglês em meio aquilo tudo e a história dos livros de escola sendo moldada pelo povo dominante.

Fora isso, cada pequeno texto é uma jóia, uma maravilha de detalhes, cores e narrativa que faz a gente se embrenhar no meio da selva com meninos-lobos, povos estranhos e a certeza de que obras assim ajuda a preservar o mundo como ele já foi e como deveria continuar sendo na nossa imaginação.

domingo, 11 de março de 2012

Submarino (Joe Dunthorne)

Acho que me enchi um pouco de livros juvenis (pelo menos por enquanto). Submarino é daqueles livros como Slam, do Nick Hornby: bacana demais se você estiver terminando o Ensino Médio e um pouco pior a cada ano depois disso.

Sabe aquele velho filão do menino que enfrenta dificuldades entre quem é e quem se espera que seja, que descobre o primeiro amor, que vive a perda da virgindade, a crise no relacionamento com os pais e um monte de outras crises que todo mundo com mais de 20 já teve ou leu sobre? Pois é.

E olha que eu ainda sou um daqueles caras que curtem obras juvenis, mas essa não me encantou. É bem escrito, tem ritmo, mas a temática realmente não é pra mim.

Agora, se você tem algum sobrinho que acabou de entrar na faculdade ou está prestes a fazer vestibular, esta é uma bela dica de presente, viu?

sexta-feira, 9 de março de 2012

As Pequenas Memórias (José Saramago)

Um livro gostosinho mesmo esse tal de As Pequenas Memórias. Não é uma puta obra como As Intermitências da Morte ou o Ensaio Sobre a Cegueira, mas é uma leitura rápida e leve.

É bacana ver o passeio por regiões de Portugal, pela memória afetiva e por um tempo que nunca conheci contados pela voz próxima e serena de Saramago.

Livro para se ler em um final de semana, de preferência em uma rede e sem televisão por perto.

Estava acostumado com um Saramago que escreve lautas refeições e acabei adorando esse pastelzinho de belém.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Loose Balls (Terry Pluto)

Se você gosta de basquete e tem mais de 40 anos provavelmente se lembra da ABA - American Basketball Association (não confundir com ABBA). Se você se interessou pelo esporte mais recentemente, vou te situar um pouco.

Sabe o arremesso de 3 pontos e o campeonato de enterradas? ABA.

A bola de basquete vermelha, branca e azul? ABA.

Julius "Dr. J" Erving, George "The Iceman" Gervin, Moses Malone, Maurice Lucas? ABA.

Denver Nuggets, Indiana Pacers, New Jersey Nets, San Antonio Spurs? ABA.

Wilt Chamberlain como técnico? Ok, isso também era a ABA.

Losse Balls é um livro para apaixonados por basquete como eu. Um livro sobre empresários loucos que queriam uma fusão com a NBA e criaram uma liga feita para durar 3 anos, mas que sobreviveu de 67 a 76 e trouxe grandes jogadores, um estilo de basquete de muita pontuação e liberdade e centenas de histórias inacreditáveis.

Ler Losse Balls é mergulhar em uma época em que basquete não dava dinheiro, em que jogadores faziam loucuras e em que estádios ficavam vazios.

Uma obra divertida, dinâmica e histórica que explica muita coisa sobre a NBA como conhecemos hoje.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Bartleby, o Escrivão (Herman Melville)

Quando a gente pensa em Herman Melville, pensa em Moby Dick. É a sua grande obra e isso não se discute. É o Quixote de Cervantes, Os Miseráveis de Victor Hugo.

Só que pra mim Moby Dick não é a melhor obra de Melville, embora eu tenha adorado o livro. Existe um outro livrinho para o qual a Cosac Naify fez uma edição primorosa que me deixou muito mais impressionado: Bartleby, o Escrivão.

A história de um homem com um emprego medíocre, uma vida medíocre e que tem a capacidade invejável de ignorar os fatos e as imposições à sua volta. Ouve o que quer ouvir e faz o que quer fazer, sempre com a diligência e a firmeza (mas não com a obediência) de um bom funcionário.

Assim como Ahab, em Moby Dick, Bartleby é um obstinado, mas sua luta é contra algo bem menos específico do que uma enorme baleia branca. É uma luta contra o mundo exterior, contra a realidade, contra tudo o que se interponha ao seu caminhar aparentemente sem objetivo.

Uma luta que Bartleby enfrenta com a calma, a indiferença e a clareza que só os loucos possuem.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A Máquina de Fazer Espanhóis (Valter Hugo Mãe)

Senhoras e senhores, gostaria de começar dizendo que este foi um dos melhores livros que já li. Humano, poético, dolorido, divertido e bem escrito de um jeito que eu vou te contar.

Não se importe com o livro ser todo em caixa baixa, não separa diálogos e usar basicamente ponto final e quase nunca interrogações (nem mesmo nas perguntas). Isso são firulas. O que toca mesmo é o que está escrito.

Quase impossível acreditar que Valter Hugo Mãe, um angolano de 40 anos, escreveu tão maravilhosamente bem sobre a velhice em uma casa de repouso.

Personagens algo fantásticos e ao mesmo tempo absurdamente reais permeiam a história de "antónio silva" e seu luto pela morte da mulher e pelo abandono da família. Mais do que isso, a história fala de seu reencontro com a alegria, a descoberta do novo quando só deveria haver o fim.

Que puta livro! Acho difícil ler algo tão bom novemente em 2012. E olha que tenho lido coisas boas nos últimos tempos.

A Escalada (Anatoli Boukreev e Gary Weston DeWalt)

Eu fiquei simplesmente fascinado pelo livro No Ar Rarefeito, de Jon Krakauer. É literalmente uma obra que te deixa sem fôlego e que descreve a tragédia no Everest com paixão e com uma qualidade que torna impossível largar a leitura.

Por isso, quando me indicaram A Escalada, que seria uma nova versão da mesma história, não resisti e li.

Antes de mais nada, sobre a questão central do livro, que trata das atitudes do alpinista russo Anatoli Boukreev durante a expedição que resultou em um enorme drama e algumas mortes no Everest, me parece que os autores provaram o seu ponto.

Se eu tivesse que julgar Boukreev ele seria absolvido. Mais do que isso, o fato de Krakauer não admitir a versão do russo e simplesmente descartá-la me parece algo bastante mesquinho, embora ele tenha vivido a situação e eu não.

Infelizmente, esse é o ponto alto do livro: Boukreev não teve culpa. É quase um relato jornalístico, uma defesa de um réu e por isso o livro não chega sequer perto de No Ar Rarefeito.

Se tiver que escolher um deles, vá com Krakauer. Se puder, leia os dois. Mas bom mesmo seria que No Ar Rarefeito tivesse um adendo que incluísse pelo menos a carta em que Boukreev explica suas atitudes.

Só isso já bastaria e você poderia ficar com o melhor das duas obras em uma única publicação.

Romance Sem Palavras (Carlos Heitor Cony)

O carnaval foi tranquilo e me possibilitou a leitura de três livros. Vou falar sobre os três, mas queria começar pelo que menos agradou.

Não é que Romance Sem Palavras seja um livro ruim, mas é que ele começa bem, promete e não entrega.

É daqueles livros que não chega a desanimar quando estamos lendo, mas do qual dificilmente nos lembraremos em dois ou três anos.

A história de dois presos políticos que se encontram em uma cela nos tempos da ditadura brasileira e que têm um caminho comum unido pela dor, pela luta democrática e por uma mulher não decola.

As voltas ao passado e a constatação do que cada um se transformou com o tempo acabam sendo mais interessantes do que "a revelação" que deveria ser o auge da trama.

Uma leitura agradável, mas de maneira nenhuma indispensável.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Azul (Rubén Darío)

Sempre ouvi falar bem de Rubén Darío, mas pelo menos neste livro dele fica claro que não fomos feitos um para o outro.

Não é que eu não goste do que ele escreve, mas acho muito ruim "como" ele escreve. É parnasiano (é essa a palavra?) demais e tudo parece muito igual, muito repetido.

A exceção é o conto "O Fardo", este sim um belo texto com uma história emocionante e uma narrativa mais fluida.

De qualquer forma, é uma pena e pode muito bem ser culpa minha não ter sabido aproveitar essa edição ilimitada e numerada.

Quem sabe no futuro eu leia de novo e goste?

Fernando Sabino Na Sala de Aula (Fernando Sabino)

Comprei esse livrinho com algumas crônicas de Fernando Sabino para deixar para a minha Sophia.

A verdade é que tenho a obra completa dele em um volume gigante e ainda outros livros que considero especiais, mas esse tem a cara de quem começa a se interessar por literatura e, embora esteja cedo pra minha pequena, já fica lá de reserva.

Como tudo o que Sabino escreve, varia do humor à emoção com facilidade, sempre com aquela delícia de se ler com leveza.

Tomara que Sophia goste dele tanto quanto eu gosto de ler e reler sempre.

Nova York: A Vida Na Grande Cidade (Will Eisner)

Will Eisner é daqueles caras que surpreendem a gente em tudo o que faz. Nessa homenagem em quadrinhos à cidade de NY, ele esbanja de histórias duras, humanas e às vezes silenciosas para mostrar a dureza e a vida dos espaços urbanos.

As ilustrações são maravilhosas, os personagens são verdadeiros e o que fica é um retrato de que os pequenos dramas, mesmo os mais tocantes, passam.

Enquanto isso, a cidade permanece lá, palco e atriz de algo maior que a gente finge não ver.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Desonra (J. M. Coetzee)

Desonra é um livro que se lê com raiva. Raiva dos erros idiotas, raiva das injustiças, raivas das coisas como são e como nem sempre deveriam ser.

Um professor que cai em desgraça por uma paixão, sua recusa em demonstrar arrependimento (não bastam as desculpas?), sua obra que vai a lugar nenhum.

Desonra é um livro que não se lê impunemente. É um texto que choca, que revolta e que ao mesmo tempo não acusa e nem condena. Todos são inocentes, todos vivem com seus medos e a vida é assim mesmo.

Um livro duro, mas que vale muito a pena ler.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Steve Jobs (Walter Isaacson)

Difícil encontrar uma biografia que seja excelente literatura. São normalmente obras que te interessam mais ou menos de acordo com o personagem e não por conterem uma grande história.

Uma exceção é a autobiografia de Steve Martin Born Standing Up que me fez rir e emocionar embora eu curta Steve Martin, mas não possa me declarar um fã.

A biografia de Steve Jobs não me emocionou, nem se mostrou uma obra indispensável, mas detalha alguns traços da personalidade e do caminho de Jobs que fizeram dele o grande homem de visão e de negócios que ele foi.

Fica mais fácil entender sua paixão por produtos surpreendentes, seu prazer em revolucionar as coisas e seu envolvimento doentio com tudo o que fazia.

Infelizmente não consigo me identificar com Steve Jobs. Não consigo imaginar que suas relações pessoais realmente precisassem ser tão cruéis com a simples justificativa de que "eu sou assim".

Se a receita para ser rico e fazer sucesso é seguir exatamente o que Jobs fez, morrerei pobre, mas sem dúvidas há também no livro duas ou três lições sobre paixão, confiança e ousadia que seriam úteis a quase todo mundo.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Daytripper (Fábio Moon e Gabriel Bá)

Que belíssima obra dos quadrinhos nacionais. Bobagem, que belíssima obra dos quadrinhos mundiais. Outra bobagem. Que belíssima obra e pronto.

Uma história sobre a vida, sobre os caminhos, as mortes, as pessoas e os entroncamentos do nosso caminho.

Quem veio antes de nós, quem nos fez quem somos, quem ainda seguirá. Muito agradecido ao meu amigo Henrique Lisandro por ter me emprestado Daytripper.

Leitura suave e forte que a gente carrega um bom tempo na alma.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A Comédia Trágica ou a Tragédia Cômica de Mr. Punch (Neil Gaiman)

Talvez seja injusto comparar um livro com outro, mas foi justamente o que aconteceu com "Mr Punch".

Talvez por vindo na sequência de 4 leituras maravilhosas, talvez por ser bem mais fraco do que Sinal e Ruído (também do Neil Gaiman), o livro acabou sendo uma decepção pra mim.

Adorei o clima soturno, mas achei a história fraca, meio sem fio, sem (desculpem o trocadilho) punch.

Um livro apenas regular entre tantos outros tão bons de Neil Gaiman em que se salvam mesmo as ilustrações sempre ousadas de Dave McKean.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Sinal e Ruído (Neil Gaiman e Dave McKean)

A estrutura de Sinal e Ruído é caótica. As ilustrações são caóticas. A obra é muito duca.

Não sei se é porque eu às vezes também construo histórias na minha cabeça e me falta urgência para transformá-las em realidade. A verdade é que o personagem do livro é um roteirista que descobre que vai morrer e então passa a viver para transformar em real a história que tem na cabeça.

O fim do mundo. "O mundo está sempre acabando par alguém". E depois continua, menos para quem ele acabou. O fim do mundo é a morte, não do mundo, mas de cada um. São "pequenos apocalipses".

Muito bom. Fiquei feliz de ter lido em uma manhã de domingo. Urgência e calma são as palavras.

Nada Me Faltará (Lourenço Mutarelli)

Um homem desaparece com a mulher e a filha. Um ano depois ele retorna e é como se não tivesse passado um dia sequer. Não consegue se identificar com a preocupação dos outros, não consegue se preocupar com a mulher e a filha, não consegue seguir em frente.

Assim como Pequeñas Intenciones, de Jorge Consiglio, é um relato da imobilidade, mas nesse caso, temperado com uma boa dose de absurdo.

É um livro escrito quase que inteiramente em diálogos e que se baseia na desconfiança, na dúvida e na incompreensão diante do inexplicável e diante de quem não quer que algo se explique.

Não é um livro que se encerre com conclusões definitivas ou com respostas claras, mas insinua, sim, um caminho. A única mensagem explícita é que sempre é possível seguir em frente se aprendemos a ignorar a coisa certa.

Um dos melhores livros que li nos últimos tempos. Excelente!

Memória de Minhas Putas Tristes (Gabriel García Márquez)

Depois de Stevenson, García Márquez em ótima forma. Sem trocadilhos, que puta livro.

Um relato triste que tem algo de O Amor Nos Tempos do Cólera no que tange à velhice, mas que fala também sobre a possibilidade sempre quieta de reinventar-se, redescobrir-se, surpreender-se e de quanto o tempo é insignificante diante disso.

Mentira, não é o tempo que é insignificante diante das mudanças. É a idade. O tempo é fundamental de uma forma ou de outa.

De qualquer forma, Memória de Minhas Putas Tristes é um relato emocionante da delicadeza, do desejo e da impossibilidade (voluntária ou não). E o ciúme do que não se quer possuir, ou do que só se é capaz de se possuir sem ter posse, é o companheiro mais amargo que se pode ter.

Um clássico, uma obra linda que eu deveria ter lindo antes.

O Clube do Suicídio e outras histórias (Robert Louis Stevenson)

Estou em uma sequência de livros de tirar o fôlego. Emendei uns 3 ou 4 excelentes e terminei tudo nesse final de semana. Vou escrever sobre todos, mas começando pelo que terminei primeiro, vou falar de Stevenson.

Eu era muito jovem quando li A Ilha do Tesouro e achei simplesmente fantástico. Acho que é o tipo de livro que todo menino de 13 anos deveria ler. Primeiro porque faz a gente amar a leitura e segundo porque faz a gente amar a aventura.

Nunca mais li Stevenson, embora tenha encontrado O Médico e O Monstro (quem não encontrou) em filmes e muitas versões.

Pois O Clube do Suicídio traz a história de Jekyll e Hyde, além de outras preciosidades. É um senhor livro de histórias criativas e fantásticas. O Demônio na Garrafa, a história título, todas enfim são daquelas que fazem nossa imaginação se soltar.

Sem falar que a edição é primorosa e o estilo de Stevenson torna impossível largar a leitura a qualquer momento.

Cara, como eu queria que todo mundo lesse A Ilha do Tesouro e tudo o que o Stevenson escreveu.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Inconfidências de Uma Adolescente (Marcita Coelho)

Outro livro da Coleção Tracinho. Uma adolescente fora do padrão e, ao mesmo tempo, muito parecida com qualquer adolescente narra suas angústias, seus problemas com o pai e até mesmo sua gravidez inesperada.

Curto, simples e bem ao gosto dos adolescentes.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Amores Guardados (Lêda Couto)

Este livro também faz parte da Coleção Tracinho, da editora Fino Traço, assim como quatro dos meus cinco livros infantis.

Ao contrário dos meus, é uma obra para pré-adolescentes e adolescentes, com aquela temática das paixões que temos nessa época, da volatilidade dos sentimentos e dos desejos.

É um livro para a idade e, ainda bem, ainda está bastante cedo para a minha Sophia.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

MSP 50 (Novos artistas)

A coleção MSP 50 começou em 2009 para homenagear os 50 anos de carreira de Mauricio de sousa. Eu, como leitor apaixonado da turminha desde que era criança (meu pai assinava Pelezinho, Cebolinha, Magali, Cascão e Mônica para nós) tenho os três volumes.

O mais recente deles eu acabei de ler não faz 1 minuto e posso dizer que mantém o nível dos outros. São 50 artistas a cada edição fazendo sua versão, com o próprio traço e estilo, de personagens como Astronauta, Penadinho, Capitão Feio, Rei Leonino e outros mais ou menos famosos.

Neste terceiro volume se destacou Tiago Elcerdo com a história mais do que poética sobre Nhô Lau e sua goiabeira, mas não faltam histórias divertidas, experimentais, filosóficas ou simplesmente laudatórias aogrande Maurício.

Recomendadíssimos todos os 3 volumes da série MSP 50.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Vai dormir, porra (Adam Mansbach)

Esse é o tipo de livro que todo pai gostaria de ter escrito. Não me levem a mal, eu amo a minha Sophia e sempre foi um prazer fazê-la dormir, mas as rimas do livro são perfeitas para descrever o ritual que é a enrolação de uma criança que luta contra o sono.

Quero beber água, tô com calor, preciso ir ao banheiro, milhões e milhões de argumentos repetidos à exaustão em busca de mais dois preciosos minutos de olhos abertos. É assim que as crianças agem e levam seus pais à loucura.

Adam Mansbach traduz esse drama de forma divertida e que pode chocar alguns puristas que imaginam que os pais nunca teriam tanta raiva de uma tarefa cotidiana. Divertidíssimo.




Como bônus, Samuel Jackson lendo o original "Go the fuck to sleep".