sábado, 16 de abril de 2011

As intermitências da morte (José Saramago)

Outro dia meu colega de trabalho Digão Corrêa me perguntou se eu não tinha vontade de escrever textos mais longos para adultos. Respondi que texto para adultos, sim. Mais longos, não. Meu falecido livro de contos "Incultos", é todo composto de histórias para adultos, mas nenhuma com mais de duas ou três laudas.

O livro "As intermitências da morte" reforça em mim a certeza de que não sou um escritor de romances ou novelas. O fato é que se mesmo por um milagre eu tivesse sido abençoado com um argumento tão bacana como é o do livro, em que a morte fica oito meses sem matar e depois volta ao trabalho normalmente (bom, nem tão normalmente assim), eu dificilmente cobriria 207 páginas com o assunto.

Para o bem ou para o mal, Saramago detalha sentimentos, descreve pequenos casos que parecem pouco importantes para a história com grande cuidado, se detém em personagens apenas passageiros e assim enriquece toda a obra que alguém como eu completaria em 6 ou 8 páginas.

"As intermitências da morte" não é o melhor livro que li de Saramago, mas nem por isso deixa de ser excelente. É cheio de um humor negro inteligente, de uma crítica mordaz e de uma mudança de rumos que leva a um desfecho muito bacana.

É livro escrito por quem gosta, tem talento e abusa do dom de escrever bem. E como não tenho tudo isso (ou quase nada disso), me resta ler e gostar.

4 comentários:

  1. Nossa! como eu custei a terminar de ler.
    Me dava uma preguicinha boba,mas gostei.
    E concordo, não é este o melhor livro de Saramago.

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  2. Não é livro fácil de ser lido rapidamente mesmo não, micho. mas mesmo não sendo o melhor dele, ainda vale a leitura.

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  3. Saramago é um dos melhores autores que conheço quando se trata do "humano". Ele consegue explorar os sentimentos e perversidades mais comuns e mais profundas do homem e assim nos faz pensar. Confesso que do autor só li Ensaio sobre a cegueira. É sou mesmo uma leitora relapsa. Conheci seu trabalho hoje, durante uma apresentação numa escola e adorei o livro da estrela, mas o vi só de relance, não deu pra ler. Ah, vi também o "pastelzinho" e adorei!
    Ainda não li todo o seu blog e por isso não sei se serei repetitiva, mas posso sugerir um livro? O FILHO ETERNO, do Cristóvão Tezza, um catarinense que escreve de peito aberto e gosto pela suas palavras nada hipócritas. Um abraço, Ana

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  4. Ana, já me sugeriram este mesmo livro e eu quero muito comprá-lo. Vai pra fila rapidinho. Valeu demais pela presença e pelo evento todo, viu? Foi muito legal. Beijão.

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